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O que eu li de melhor (útil) no período pós-eleições

19/11/2014

“Acontece que uma coisa nesse país ocorre uniformemente: Não sabemos perder e nem ganhar. Se nos contrariam já torcemos o nariz. Cortamos relação. Falar de separar o país foi a maior piada que li. E ganhar também nos deixa inchado. Imagino que se Aécio tivesse ganhado seria um inferno de posts que falam do fim da corrupção, o que seria outra piada. Já li até que ele ia ter que começar a roubar do zero, outra piada. Nos conformamos em ser roubados parece. Ninguém lembra que temos que cobrar as coisas dos governantes e que nenhum presidente é super herói. Existem hierarquias as quais devem ser recorridas, muitas coisas são responsabilidade do município, (…).
Me cansei de ver que eu fui pra rua por vinte centavos, vai me desculpar se alguém foi por isso. Eu fui pra uma manifestação sem pensar em “esquerda” e “direita”. Eu fui escancarar pro Brasil que não dá mais pra colocar presidente, governador, deputados e essa cambada toda, um atrás do outro, e eles continuarem fazendo m****!”

“Somos todos Brasil! Eu não sou PT. Eu não sou PSDB! Nem partido nenhum!
Não adianta pregar mudança e só se lamentar. Devemos ser eleitores TODOS os dias!”

by Anna Carolina Faria

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“Para você que está mudando a foto com a imagem da bandeira do Brasil escrito LUTO, deixa eu contar uma coisa:
Do ano de 1964 até 1985 o Brasil viveu sob regime militar, incluindo tortura e censura total, pessoas morriam, eram exiladas e eram mantidas sobre constante pressão e ameaças. Nesse período as pessoas não podiam expressar sua opinião e nem esperar por mudanças, não existia esquerda, nãoexistia direita, exista o regime militar. Não se podia ser comunista ou esperar por melhorias sociais, pessoas eram educadas para serem fantoches do Estado, essa obrigação civil de ir às urnas? Não existia….
Quer saber o que existia? Existiam vítimas, 3 MIL PESSOAS MORRERAM, e outras foram BRUTALMENTE MUTILADAS, pra que esse MALDITO DIA QUE ACONTECEU HOJE pudesse existir. Agora você, sentado atrás de um monitor, se acha no direito de entrar em LUTO, pelo fato de a maioria do seu país ter chego a um consenso através de um direito constitucional e legitimado pelo órgão supremo de seu ESTADO? Tudo bem, talvez o seu candidato não tenha chegado ao poder como esperado, mas você realmente pensa que o que está passando é LUTO? Você tem o direito de se expressar, tem o direito de vomitar em seu teclado o que quiser, mas não deveria falar que está em luto. Sabe quem tem o direito de estar em LUTO? Pais, mães, filhos, e amigos das pessoas que em 1964 sumiram e até hoje não se sabe onde estão, pessoas que não tiveram a oportunidade de chorar sobre o corpo de um amigo. A ignorância é totalmente aceitável, o que não é aceitável é ver pessoas querendo desmembrar seu Estado de um país, fazendo parte de algo maior, que se chama nação. Ainda preciso ler pessoas reclamando do nordeste pela Dilma ter sido maioria? Hoje assim como a cada quatro anos o país viveu um processo democrático, e você não tem o direito de ficar em luto. Pois essa eleição é um direito conquistado sobre o sangue de inocentes, sobre a lagrima de torturados e sobre a saudade de pessoas que nunca mais verão o pai, a mãe, e o filho… Fica somente o sentimento de vergonha, e quer uma dica, troca a foto, ainda dá tempo de você se sentir menos egoísta e hipócrita….

PS: Na foto você tem o Vladimir Herzog, que foi tido como prisioneiro, e que supostamente cometeu suicídio, mas que todos sabem que foi ASSASSINADO, quer ficar em luto, fica por ele, pois graças à pessoas como ele, você pode votar hoje…”

Retirado do facebook de Victor Albuquerque: Post kibado sem vergonha alguma do Alessandro Augusto Arruda Basso, que kibou de Carolina Baghin que, por sua vez, kibou de Lucas Dall’Aqua Di Fonzo.

O Brasil, o luto e o futebol

10/07/2014

Doeu. Doeu lá no fundo do peito, se é que existe uma expressão mais apropriada para expressar um sentimento de desolamento. Veio como uma pancada forte, ainda que esperada, mas não era de se imaginar tão violenta e brutal como foi. A ponto de massacrar e deixar os representantes do futebol brasileiro estirados ao chão.

Estou aqui apenas para expressar uma emoção. Ser comentarista esportiva jamais fez parte dos meus planos. Observo, de longe, o futebol. Nada de fanatismo. Gosto do jogo, da magia desse esporte e o que este promove entre pessoas de diferentes lugares e diversas culturas. Do brincar e do modo prazeroso de driblar o adversário e sair comemorando o gol, seja no quintal de casa, no campinho da rua, na quadra da escola, no time do coração ou na seleção do seu país.

Hoje, pela manhã, não vi nenhum clima de felicidade pelas ruas de Amsterdam, como o de costume das últimas semanas. Pensei: a magia do futebol se perdeu. Vi (nos cafés, nas calçadas, na padaria, na farmácia), rostos tristes, ainda que holandeses. Sabe o luto de quando alguém morre e fica a sensação de desgosto e tudo a volta fica apático? Deduzi que era apenas o reflexo da minha lástima pela derrota do jogo Brasil, na noite anterior. Ledo engano.

Os holandeses, que encontrei, lamentam o ocorrido e dizem que a Copa perdeu a graça. Obviamente não desejam o Brasil campeão e sim a Holanda. Mas, o placar vantajoso, de 7×1 para a Alemanha, não foi uma derrota, foi uma espécie de funeral. Os germânicos já haviam matado o Brasil em apenas 18 minutos.  Mas como em uma luta arrebatadora, mesmo vendo que o outro já estava nocauteado, ainda era necessário esmagar parte do crânio dos jogadores para ter certeza de que era o fim, moralmente, de uma nação. A luta era livre e os alemães souberam fazer com categoria, na classe.

Acredito que o futebol tem a magia de unir as pessoas e é isso que deve prevalecer. Basta ao estrelismo e ao egocentrismo de alguns jogadores que a imprensa cria e repassa como fonte absoluta da verdade. “O craque carregou o time nas costas até…” Como assim? Vi várias propagandas enfatizando apenas um jogador entrando em campo com se ele fosse a seleção. A palavra seleção se refere a um ato de escolha de acordo a um critério específico. Neste caso, os melhores atletas. Entretanto time quer dizer, união. Um grupo empenhado para um mesmo objetivo. É preciso equilíbrio entre a equipe, porque todas as posições são fundamentais para que o lance seja concluído e a jogada seja bem sucedida. Vimos isso claramente com a Alemanha.

O que “presenciamos” nessa terça-feira, 08 de julho de 2014, para mim, foi um completo desastre psicológico. Um espelho da atual sociedade. O Brasil estava cambaleando com as pernas desde o início da Copa do Mundo. Ainda assim, a paixão pelo futebol fazia a torcida desejar mais uma vitória. Um momento de alegria diante da calamidade que avassala o território brasileiro. Um país de desigualdades. Literalmente “tropical e bonito por natureza” mas, corrompido pelo poder sujo que coordena um lugar de 200 milhões de habitantes.

Talvez, agora, que já estamos na UTI com a porta aberta para o corredor do necrotério, seja tempo  para os governantes pensarem em um futebol limpo. Sem corrupção, sem violências ou negligências que se alastram cotidianamente. Que o poder público realize melhorias reais para o povo brasileiro, no que diz respeito a saúde, educação, transporte, segurança etc. Que o espetáculo ou a vitória dessa Copa seja o bem-estar do brasileiro.

Espero que as pessoas possam refletir. Porque, vergonha é saber que os direitos e deveres de um povo não estão sendo respeitados.  Vexame é querer trapacear seres humanos necessitados de atenção mínima enquanto cidadãos. Não podemos generalizar, mas, revolta é saber que muitos são guiados como mulas de cabresto sem nenhum contexto crítico próprio. Frustrante é ver que alguns hipócritas resolvem bancar o julgador e saem na “porrada” por pouca coisa. Derrota é tomar consciência de que, infelizmente, somos imaturos e nos falta preparação emocional. Nos falta estrutura para suprir as nossas adversidades e uma equipe para resolver os problemas nossos do dia a dia.

Sem dúvida há um nó na garganta.

Que o Brasil ainda tenha tempo de acordar do coma profundo. E que seja possível uma mudança para o benefício de todos. Para que as pessoas sintam-se em paz no próprio país. Que não tenham medo e que se sintam livres para ir e vir. Torço para que o Brasil evolua.

Mesmo com a sensação de que o futebol brasileiro morreu, prefiro sonhar, assim como o pássaro Fênix da mitologia grega, que o Brasil terá o poder de renascer das próprias cinzas. Que assim seja.

Por Edsandra Carneiro,

9/07/2014